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quinta-feira, 28 de março de 2013

Arraial D'Ajuda - BA


Após quatro dias na caríssima Trancoso, partimos em direção a Arraial D’Ajuda. O trajeto dura em torno de uma hora e é feito pela empresa Águia Azul. O valor da passagem é R$ 6,50 e os ônibus saem durante todo o dia praticamente de hora em hora. 

Ao chegarmos à cidade, fomos abordados por um nativo aparentemente mal intencionado: já era noite, estávamos carregados com nossas mochilas sem saber onde iríamos dormir. Estávamos à procura de uma pousada, quando um rapaz de não mais que 25 anos nos disse ter parceria com uma pousada próxima e super barata na qual nos levaria “sem cobrar nada”. Ao dizer isso, indicou o caminho por um canto escuro atrás da igreja de Nossa Senhora D’Ajuda. É claro que não confiamos e procuramos nos informar em pontos mais iluminados e movimentados. Talvez essa circunstância seja recorrente em cidades muito turísticas, motivo pelo qual é sempre bom estar atento.


Seguimos perguntando por preços em pousadas e pedindo informações aos moradores locais em lojas e restaurantes. Foi em um simples restaurante da badalada Rua Broadway que nos indicaram uma senhora residente na Rua Brasilina, próxima à igreja. Fomos até o local e encontramos um simpático beco sem saída de casas muito coloridas. A senhora que aluga quartos chama-se Nilma. Não é difícil encontra-la, pois todos na pequena rua Brasilina se conhecem por nome. Alugamos um quartinho simples com banheiro e ventilador além de cozinha comunitária aR$ 15,00 por pessoa, preço bastante razoável comparado aos valores altos das pousadas.


Arraial D’Ajuda foi na década de 60, um dos retiros preferidos pelos hippies o lugar foi frequentado por pessoas como Janis Joplin, Jimmy Hendrix e Mick Jagger entre diversos outros grandes nomes da época. Em 80 o lugar passou a ser frequentado principalmente por um público de poder aquisitivo bastante elevado,a ocorrência de público proporcionou um requintado desenvolvimento de galerias de moda, restaurantes de diversas nacionalidades, bares e baladas das mais sofisticadas.


Na alta temporada a vila continua recebendo visitantes endinheirados, entretanto no período de baixa o público predominante é trazido pelas grandes operadoras de viagens como a CVC. Esse turista costuma tentar ao máximo economizar, portanto o comercio local também teve de se adaptar e alguns estabelecimentos oferecem preços mais baixos. A dica para refeição são as pizzarias no início da Rua Mucugê com pizzas de até R$14,00. 

A massificação do turismo nem sempre se apresenta como uma alternativa saudável de desenvolvimento. Um exemplo de efeito negativo desse segmento de turismo em Arraialé a Rua Broadway onde anos atrás funcionavam diversos bares e restaurantes de moradores nativos, hoje funciona uma infinidade de lojinhas de utilidades ou de “artesanato local” produzido em São Paulo.


Para chegar à praia é preciso caminhar um pouco. A dica é ir pela RuaMucugê, é o caminho mais rápido pra colocar os pés na areia de praia de mesmo nome. Uma vez na praia, é possível caminhar tranquilamente para as demais praias, todas de águas calmas e limpas, além bastante bonitas, algumas mais movimentadas e caras que as outras.

terça-feira, 12 de março de 2013

Fotos - Trancoso, BA













Trancoso - BA

Saímos de Cumuruxatiba com o desejo de, talvez, viver na vila onde a maré desaparece. Seguimos em direção à Itamarajú levados pela viação Expresso Brasileiro por R$ 15,50. A viagem durou em torno de 2h, o que nos obrigou a dormir na cidade que já estava escura. Itamarajú é um interessante ponto de apoio, possui muito comércio, alguns bancos e pousadas baratas. Encontramos bem próxima a rodoviária a pousada Barreto, muito simples mas asseada, cujo custo era 15 reais por pessoa. Além disso, encontramos uma padaria também muito próxima à rodoviária chamada Brasil que possuí comidas deliciosas por um preço justo.

         No dia seguinte, rumamos para Eunápolis. A viagem que durou cerca de 1h30 é feita tanto pela viação Expresso Brasileiro, que possuí carros de hora em hora, como pela viação Águia Branca que apesar de não ter tantos carros disponíveis, aceita cartões de crédito e débito. Optamos pela viação Águia Branca e pagamos R$ 7,34 por passagem. Logo que chegamos em Eunápolis, subimos no ônibus da Expresso Brasileiro por R$ 13,60 em direção à Trancoso, viagem que durou cerca 3h.



Chegamos em Trancoso e em pouco tempo percebemos que o custo da cidade é bem alto. Nos informamos em um ponto de moto táxi sobre campings ou dormitórios baratos, e fomos indicados ao camping de um dos motoristas do grupo. O camping República dos Camarões que era bonito, mas possuía apenas um banheiro - o que em alta temporada certamente é um problema - e não possuía cozinha, era R$20,00 por pessoa fora de temporada - aspecto enfatizado pelo proprietário quando pedimos desconto. Como já passavam das 21h decidimos montar a barraca ali mesmo, com a determinação de buscar um local mais barato no dia seguinte. Para nossa surpresa, esse era o preço dos campings sem qualquer desconto possível. Encontramos o Cuba Camping também por R$ 20,00, entretanto o local possui cozinha comunitária o que diminui os gastos com alimentação. O local também funciona como pousada, quartos e banheiros bastante espaçosos e chuveiros elétricos. Apesar da boa estrutura, o Cuba peca em organização e limpeza.


  
A Praia dos Coqueiros e a Praia do Nativo constituem um cenário incrível. Entre uma e outra existe o Rio Trancoso, de grande extensão e intenso fluxo de águas claras, que carrega a paisagem de beleza particular, além de proporcionar uma deliciosa experiência de ritmo de forças quando se nada no encontro das águas.



Um dos pontos turísticos mais importantes de Trancoso é o Quadrado, um espaço sobre uma montanha com muitas casas com estrutura tradicional dispostas em torno de um grande gramado, uma igreja e o mar - um lindo mar - ao fundo. O lugar carrega certa simpatia, entretanto, as casas com estruturas tradicionais pintadas com cores vivas e limpas que abrigam os restaurantes finos e muito caros e as lojas de grife, os móveis rústicos de madeira, a igreja sede de inúmeros casamentos de turistas que aderiram à moda de declarar a união em Trancoso, fazem de todo o conjunto um cenário um tanto quanto forçado para a habitação da população flutuante.




segunda-feira, 4 de março de 2013

Fotos - Cumuruxatiba, BA
























Cumuruxatiba - BA


Deixamos a cidade de Prado com destino à vila de Cumuruxatiba. A empresa de ônibus que detém os direitos de transporte nessa região ainda é a Brasileiro, existem três horários de ônibus para esse trecho: 9h, 14h30 e 16h30. Tomamos o ônibus às 14h30 por R$ 8,30 e o trajeto dura cerca de 1h30. O acesso à vila é fácil, entretanto apenas é possível por uma estrada de terra.


Uma questão que volta a permear todo o percurso da viagem é a imensa quantidade de terras destinadas ao plantio de eucaliptos pela indústria papeleira. Tivemos acesso a um documentário muito interessante disponível no Youtube através do link http://www.youtube.com/watch?v=hnc-UJmoiXA, que levanta dados muito esclarecedores sobre a economia, política, cultivo e extração de eucalipto no Brasil.
        
        Ainda dentro do ônibus tivemos a oportunidade de conhecer Juan, o proprietário de um restaurante nada convencional localizado logo na entrada da vila. Durante a alta temporada, o restaurante e circo Don Juan serve um vasto cardápio de culinária árabe saborosamente temperado com espetáculos circenses de malabares, trapézio e tecido, entre outras atividades. O trabalho apresentado é o resultado de um projeto social idealizado pela família, que oferece oficinas de circo gratuitas a crianças e adolescentes da região. Os clientes podem escolher entre se sentar em mesas tradicionais ou em esteiras estendidas no chão. O restaurante fica aberto ao público apenas em períodos de alta temporada, entretanto é possível contatar os proprietários para conhecer o projeto e agendar visitas pelo facebook Circo Don Juan.

                Em comparação ao seu singelo tamanho, é impressionante a rica movimentação cultural da vila, de livre acesso aos moradores locais, proporcionada por grupos muito interessados e ainda sem retorno financeiro.



                Popularmente conhecida como Cumuru, a vila possui uma infinidade de pousadas a beira mar, desde as mais simples até as mais sofisticadas. Encontramos uma ótima opção logo na entrada da vila: o camping e pousada A Hospedaria está estrategicamente localizada entre a represa em frente e a encantadora vista do mar aos fundos. Já fora da alta temporada, conseguimos pagar uma diária de apenas R$15,00 por pessoa em um quarto confortável, porém com banheiro bem apertado. Para utilizar ducha quente é necessário pagar uma taxa extra de R$ 2,oo por 5 minutos, mas no calor da Bahia definitivamente não é necessário. A Hospedaria é um lugar bastante simples e muito aconchegante, o lugar possui estrutura para camping, wi-fi e uma pequena cozinha comunitária que supre as necessidades básicas. A vila ainda possuí opções de mercado, apenas uma padaria e nenhuma agência bancária. Alguns estabelecimentos aceitam cartões, entretanto é necessário um planejamento para não passar aperto com dinheiro.


                Uma das características mais impressionantes da região é a intensidade do dinamismo das marés. Assim como em todo o litoral brasileiro, existem dois horários de maré baixa e dois horários de maré alta todos os dias. Entretanto, nas marés baixas, a água do mar no quintal das casas da orla e nos pés das falésias durante as marés altas, desaparece ao fundo do horizonte, descobrindo lindas formações rochosas e corais. Nesse período que dura em torno de seis horas, é possível caminhar sobre essa paisagem e observar em piscinas naturais de água cristalina alguns seres marinhos que vivem ali. Mas é preciso muita atenção! É bastante arriscado nadar em regiões de pedras e corais. Para banhar-se, é necessário informar-se com os moradores sobre os lugares seguros. O desfrute é intenso, pois a paisagem muda significativamente o tempo todo e o mesmo lugar se transforma nas mais diversas fotografias durante o decorrer de um dia.



                Outro passeio imperdível é a caminhada de 12km pela costa até a Barra do Cahy. O caminho é repleto de paisagens impressionantes constituídas por grandes falésias em constante transformação devido à ação do mar, além um rio por km² em média, que desaguam no mar de Cumuru, resultando em um espetáculo natural de águas doces e salgadas juntas.






                Além disso, durante a caminhada, depara-se com a Casa de Pedras, uma construção feita com pedras, corais, conchas entre outras matérias retiradas do mar. A casa com escotilhas de navios e grandes janelas que permitem a interação do espaço interno da casa com a paisagem, foi construída a cerca de 40 anos e abandonada a cerca de 10, quando a maré começou violentamente à chocar-se contra ela. Um ambiente mágico e fantasmagórico abandonado na areia da praia. A casa está aberta e aos mais corajosos, é possível passar a noite no andar de cima.