sábado, 2 de fevereiro de 2013
Barra do Jucu, Vila Velha - ES
Amanhecemos em Vitória e logo descobrimos que a cidade não
tem muita beleza natural a oferecer. Apesar de litorânea, o único contato da
capital do Espírito Santo com o Oceano Atlântico é um grande porto, que como
qualquer outro porto, poluí o mar e deixa mal cheirosas as proximidades. O
centro da cidade possui diversas construções histórias tombadas, o que nos
pareceu bastante atraente, entretanto, após uma semana viajando por Minas
Gerais, estávamos ansiosos por um banho em águas salgadas.
Começamos a busca pelas praias capixabas e nos encontramos
com a bucólica vila de pescadores Barra do Jucu. Difícil encontrar palavras
para descrever o que estamos sentindo nesse lugar. Chegamos em baixo de chuva
acompanhados de um casal de amigos que encontramos na estrada e logo nos
deparamos com a enorme receptividade, simpatia e respeito dos pescadores locais,
que imediatamente nos ofereceram suporte para qualquer coisa que precisássemos.
Encontramos um ótimo lugar para armarmos nosso acampamento, à beira da Praia do
Jucu, ao lado da Praia da Concha, próximo aos dois únicos quiosques do local.
Um desses quiosques, "Autas Ondas" (sim, se escreve com "u"), pertence ao simpático Ignácio, morador local que nos acolheu
de braços abertos.
O acampamento na praia é permitido como deveria ser em
qualquer espaço pertencente à Marinha, que nunca aparece para proibir a
ocupação do espaço. Seguindo o princípio de bom senso para não atrapalhar o
comércio local que aos finais de semana costuma receber muitos visitantes que
consomem nesses quiosques e ocupam as poucas sombras disponíveis na orla, os
moradores da região afirmam com muita clareza e veemência política que a praia
é de todos, de forma que em pouquíssimos momentos sentimos que estávamos
invadindo o espaço dos banhistas e trabalhadores ao montar acampamento,
utilizar os banheiros e tomar banho nas duchas de água doce. Percebemos uma
relação de apropriação e coletividade espacial que, infelizmente, não creio que
encontraremos em muitos outros lugares.
Um quesito importante para esse tipo de acampamento é a
segurança. Na Barra do Jucu nos sentimos tranqüilos, entretanto é sempre bom
conversar com alguém que possa ficar de olho na barraca enquanto se está fora. Evitar
deixar objetos para fora da barraca durante a noite e cadeado na barraca são
algumas sugestões.
As refeições podem ser feitas a um preço acessível. Existem
restaurantes com pratos feitos que servem duas pessoas por R$10,00, além de
padarias, mercados e mercearias. Existem refeições frias muito práticas e
saborosas e além disso, pode-se encontrar um local mais calmo e preparar uma
refeição quente: aprendemos aqui a fazer o peixe cozido no papel alumínio enterrado
na areia. Muito saboroso.
Grande parte da população
local vive da pesca marítima. A praia vive cheia de pescadores, esperando o
momento certo de jogar a rede na água, temperamental, na maior parte do tempo.
Se der sorte e tiver disposição, é possível ajudar os pescadores a puxar a rede
e ganhar alguns peixes pela ajuda prestada. Atenção! Isso não é um atrativo
turístico, mas o meio de sobrevivência dessas pessoas, portanto não recomendamos
se dispor a ajudar apenas pela graça ou apenas pelo peixe. Esse é um trabalho
coletivo que exige bastante esforço físico de todos que estão participando dele.
Trem de Ferro, Belo Horizonte à Vitória
De Belo Horizonte – MG a Vitória – ES, existem 526 km a serem percorridos
via BR262. As empresas de ônibus que fazem esse trajeto são: São Geraldo,
Itapemirim e Expresso União, a um valor médio de R$85,00. Existe porém, uma
outra opção para quem pretende gastar menos dinheiro e possui mais tempo: o
trem de ferro mantido pela empresa Vale. O percurso entre as duas cidades via ferrovia
possui 600 km
e leva em torno de 13h, tempo estimado de viagem que pode variar.
São duas as opções de classe de vagões: classe executiva no
valor de R$82,00 e classe econômica a singelos R$56,00. A viagem é sem dúvida
impressionante, tanto pela beleza do percurso quanto pela quantidade de pessoas
que o trem comporta.
Partimos em classe econômica as 7h30 da manhã, esse é o único
horário para o embarque em Belo Horizonte. Passamos por diversas estações para
embarque e desembarque de passageiros, todas paradas em torno de 2 a 4 minutos cada. A principal
utilização do trem é o transporte de moradores das cidades que compõem o trajeto.
Como acontece apenas uma viagem por dia, os vagões costumam estar lotados. O
trem possui ainda dois vagões lanchonete, sendo que em um deles existem mesas e
cadeiras que podem ser utilizadas para realizar as refeições. Os valores da
lanchonete não são os mais amigáveis tendo em vista a escassez de muitas opções
dentro de um trem em movimento. Na maior parte das paradas em pequenos
vilarejos entre as minas de extração de minério, existem crianças e mulheres
que passam correndo pela parte de fora dos vagões com cocadas, geladinhos e
águas engarrafadas em pets de refrigerante, o que nos fez refletir sobre a
questão de que o trem passa por ali apenas uma vez por dia e mesmo assim as
famílias se organizam para vender seus produtos por R$1,00 ou R$2,00. De qualquer
maneira, a dica é: leve sua própria refeição!
Chegando em Vitória, já as 21h30, não encontra-se hospedagem
com facilidade próxima à estação ferroviária. Entretanto existe um terminal de
ônibus logo em frente à estação. Ali pode-se tomar ônibus para Campo Grande ou
Vila Velha, pólos turísticos que oferecem algumas opções de hospedagem.
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