Amanhecemos em Vitória e logo descobrimos que a cidade não
tem muita beleza natural a oferecer. Apesar de litorânea, o único contato da
capital do Espírito Santo com o Oceano Atlântico é um grande porto, que como
qualquer outro porto, poluí o mar e deixa mal cheirosas as proximidades. O
centro da cidade possui diversas construções histórias tombadas, o que nos
pareceu bastante atraente, entretanto, após uma semana viajando por Minas
Gerais, estávamos ansiosos por um banho em águas salgadas.
Começamos a busca pelas praias capixabas e nos encontramos
com a bucólica vila de pescadores Barra do Jucu. Difícil encontrar palavras
para descrever o que estamos sentindo nesse lugar. Chegamos em baixo de chuva
acompanhados de um casal de amigos que encontramos na estrada e logo nos
deparamos com a enorme receptividade, simpatia e respeito dos pescadores locais,
que imediatamente nos ofereceram suporte para qualquer coisa que precisássemos.
Encontramos um ótimo lugar para armarmos nosso acampamento, à beira da Praia do
Jucu, ao lado da Praia da Concha, próximo aos dois únicos quiosques do local.
Um desses quiosques, "Autas Ondas" (sim, se escreve com "u"), pertence ao simpático Ignácio, morador local que nos acolheu
de braços abertos.
O acampamento na praia é permitido como deveria ser em
qualquer espaço pertencente à Marinha, que nunca aparece para proibir a
ocupação do espaço. Seguindo o princípio de bom senso para não atrapalhar o
comércio local que aos finais de semana costuma receber muitos visitantes que
consomem nesses quiosques e ocupam as poucas sombras disponíveis na orla, os
moradores da região afirmam com muita clareza e veemência política que a praia
é de todos, de forma que em pouquíssimos momentos sentimos que estávamos
invadindo o espaço dos banhistas e trabalhadores ao montar acampamento,
utilizar os banheiros e tomar banho nas duchas de água doce. Percebemos uma
relação de apropriação e coletividade espacial que, infelizmente, não creio que
encontraremos em muitos outros lugares.
Um quesito importante para esse tipo de acampamento é a
segurança. Na Barra do Jucu nos sentimos tranqüilos, entretanto é sempre bom
conversar com alguém que possa ficar de olho na barraca enquanto se está fora. Evitar
deixar objetos para fora da barraca durante a noite e cadeado na barraca são
algumas sugestões.
As refeições podem ser feitas a um preço acessível. Existem
restaurantes com pratos feitos que servem duas pessoas por R$10,00, além de
padarias, mercados e mercearias. Existem refeições frias muito práticas e
saborosas e além disso, pode-se encontrar um local mais calmo e preparar uma
refeição quente: aprendemos aqui a fazer o peixe cozido no papel alumínio enterrado
na areia. Muito saboroso.
Grande parte da população
local vive da pesca marítima. A praia vive cheia de pescadores, esperando o
momento certo de jogar a rede na água, temperamental, na maior parte do tempo.
Se der sorte e tiver disposição, é possível ajudar os pescadores a puxar a rede
e ganhar alguns peixes pela ajuda prestada. Atenção! Isso não é um atrativo
turístico, mas o meio de sobrevivência dessas pessoas, portanto não recomendamos
se dispor a ajudar apenas pela graça ou apenas pelo peixe. Esse é um trabalho
coletivo que exige bastante esforço físico de todos que estão participando dele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário