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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Aracruz - ES


Deixamos a barra do Jucu com a certeza de que sentiremos muitas saudades. Partimos em direção à Aracruz, cidade capixaba que facilita o acesso às praias de Barra do Riacho, Água Boa e Barra do Sahy, além de abrigar algumas comunidades indígenas.

                O percurso foi dividido em alguns trechos que baratearam em torno de R$5,00 o custo final de cada passagem. Tomamos o ônibus 609 a R$2,55 na Barra do Jucu até o terminal urbano de Itaparica. De lá, sem pagar outra passagem, fizemos baldeação para o ônibus 501, que nos levou até o terminal Jacaraípe. Novamente sem pagar outra passagem, pegamos o ônibus 805 para a cidade Nova Almeida, onde descemos próximo ao guichê da empresa Águia Branca. O ônibus que de lá saía por R$3,00, nos levou até Santa Cruz por uma linda paisagem de praias rasas, mares calmos e recifes. Descemos no guichê da empresa Expresso Aracruz, localizada no interior de uma padaria e ali compramos a passagem a R$5,85 cada até a cidade de Aracruz
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                Ao chegarmos na cidade, fomos até a pousada São Jorge, acompanhados por um morador local. A pousada fica próxima ao centro comercial Oriunde, possuí alojamentos individuais por R$25,00 ou suítes para casais por R$45,00, com café da manhã simples incluso. A pousada é asseada e confortável, entretanto passamos apenas uma noite hospedados, pois logo na primeira tarde, em busca de informações sobre refeições baratas, encontramos dois artistas de rua que nos levaram para conhecer a ocupação urbana do movimento anarquista Pântano Revida, onde estavam acampados.



                A ocupação oferece semanalmente um calendário de atividades culturais, possuí biblioteca, estúdio instrumental e horta comunitários, de forma a articular-se positivamente com os moradores locais. Seguindo os preceitos anarquistas, o espaço é mantido muito bem organizado por um coletivo flutuante ou local autônomo. A maior parte da comida provém do recicle diário em supermercados ou restaurantes próximos, a lenha para o fogão é coletada em descartes de construções, a água é adquirida em bebedouros públicos, toda matéria orgânica vira composto e todo lixo reciclável é encaminhado.


                A comunidade Pântano Revida nos recebeu muito bem, mas é importante atentar sobre a dinâmica de acolhimento de viajantes, pois o espaço não é um meio de hospedagem, salvo casos de indicação de militantes ou participação no movimento.


                No dia seguinte de nossa chegada ao Pântano Revida, fomos até a aldeia indígena Pau Brasil, comunidade que resiste fortemente aos avanços devastadores da produção de eucalipto pela empresa Fibria, antiga Aracruz Celulose. Existem diversas linhas de ônibus que levam até a estrada de entrada da aldeia e o percurso, rodeado por eucaliptos, custa R$3,80. Depois de descer no ponto, caminhamos por uma estrada de terra em boas condições por cerca de 20 minutos. Ao chegarmos na aldeia tivemos a oportunidade de sermos apresentados ao vice cacique Marcelo, ao cacique Valdeir e ao representante da Associação Cacique Liderança Genildo. Todos foram muito receptivos e nos contaram sobre seus costumes e tradições mas, sobretudo, sobre a luta, processos, dificuldades e vitórias em relação à indústria de papel. Visitamos também espaços onde existiam aldeias que foram tomadas pela indústria papeleira, Barra do Sahy e praia de Água Boa, onde está sendo construído o estaleiro de navios que já é responsável pelo desmatamento da vegetação costeira além do futuro desaparecimento da bela praia de pesca e banho.


                Documentamos em vídeo e áudio os relatos, material que resultará em um documentário que em breve será disponibilizado.

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